Dois Corações Tímidos

Esperando alguém dizer “vamos”

Nós nos olhamos como quem teme o fogo,
mas arde em segredo.
Trocamos “bom dia” com vozes suaves,
como se palavras pudessem quebrar
o frágil equilíbrio do silêncio.

Meus dedos querem tocar os teus,
mas fingem que procuram o celular.
Teus olhos buscam os meus na missa,
mas desviam quando eu rezo teu nome.

Somos dois compassos desencontrados,
dançando a mesma música,
mas com medo de dar o primeiro passo.

E se, um dia, um de nós ousar?
E se eu disser: “vem” —
e tu responderes: “já estava indo”?

Talvez o amor não precise de coragem.
Talvez só precise de um “sim”
sussurrado no tempo certo.

Até lá, guardo teu sorriso
como quem guarda uma vela acesa:
pequena, mas capaz de iluminar
toda a escuridão da espera.

— Edilson JS